O Dia Nacional da Alfabetização: Reflexões sobre a Estrutura de Ensino no Brasil e os Desafios da Inclusão
- Lucas Schmitz

- 14 de nov. de 2024
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O Dia Nacional da Alfabetização, comemorado em 14 de novembro, nos convida a refletir sobre a importância da educação para o desenvolvimento humano e social. Criada em 1966, a data homenageia a fundação do Ministério da Educação, em 1930, e relembra a necessidade de políticas públicas que combatam o analfabetismo e garantam o direito de todos à educação de qualidade.
Segundo Paulo Freire (1983), importante educador e filósofo brasileiro, a alfabetização é um ato criador, no qual o analfabeto aprende criticamente a necessidade de aprender a ler e a escrever, preparando-se para ser o agente desta aprendizagem. E consegue fazê-lo na medida em que a alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler.
No entanto, apesar dos avanços, a realidade educacional brasileira ainda é marcada por desigualdades profundas. Embora as taxas de analfabetismo tenham diminuído, muitos brasileiros continuam privados de um ensino adequado. Especialmente nas áreas rurais e nas periferias urbanas, as escolas sofrem com a falta de infraestrutura e de recursos, enquanto outras, em centros urbanos mais privilegiados, conseguem oferecer uma educação mais qualificada. Essa discrepância é um reflexo das desigualdades sociais e econômicas dos anos de colonização que ainda dominam o país.
Além disso, a implementação do Novo Ensino Médio, que propõe maior flexibilização e valorização do desenvolvimento socioemocional, ainda é desigual. Enquanto algumas escolas privadas e públicas de áreas mais ricas implementam essas mudanças com sucesso, muitas escolas públicas não têm condições sequer de garantir uma educação básica de qualidade. A falta de recursos, a violência e a falta de apoio emocional comprometem o aprendizado e a permanência dos alunos na escola.
Outro problema grave é a evasão escolar, especialmente entre adolescentes. A gravidez precoce, a violência doméstica e as dificuldades econômicas que pressionam os jovens a trabalhar para garantir estrutura financeira em casa são fatores que os afastam do ambiente escolar, limitando suas possibilidades de futuro. Para esses adolescentes, muitas vezes, a escola deixa de ser um espaço de aprendizado e torna-se um reflexo de suas frustrações e desafios cotidianos.
O Dia Nacional da Alfabetização, portanto, deve ser mais do que uma data simbólica. Ele deve ser um chamado à ação. É urgente que o Brasil invista em políticas educacionais que garantam uma educação inclusiva, onde todos os estudantes, independentemente de sua classe social ou região, tenham acesso a um ensino de qualidade. A alfabetização é um direito básico e inegociável, e deve ser acompanhada de um sistema educacional que respeite as diversidades e promova a equidade.
Só com uma educação verdadeiramente inclusiva e transformadora será possível quebrar o ciclo da desigualdade social e oferecer a todos os brasileiros as mesmas oportunidades de crescimento e participação na sociedade.




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