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A instituição museológica enquanto construtora de memória

  • Foto do escritor: Juliana Oliveira
    Juliana Oliveira
  • 22 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

Uma breve análise do livro A Imagem Museal: Museu, Memória e Poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro de Mário Chagas


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Em 2024, as redes sociais e a inteligência artificial assumiram um papel crucial na formação e reconfiguração da nossa memória histórica e social. Como as instituições culturais comunicam a identidade de um povo? De que maneira o público é impactado e interpreta essas abordagens? Além de refletir sobre a curadoria de instituições como museus, como podemos adaptar suas estruturas para alinhá-las ao pensamento contemporâneo e à opinião formada pela sociedade?


O livro de Mário Chagas, “A Imagem Museal: Museu, Memória e Poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro”, examina a interação entre museus, memória e poder através das obras e pensamentos de três intelectuais brasileiros: Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Chagas investiga como esses pensadores conceituaram o papel dos museus na construção e transmissão da memória cultural e nacional no Brasil, destacando como suas interpretações moldaram a percepção pública e acadêmica dos museus no país. O autor explora também como essas visões continuam a influenciar a forma como construímos e entendemos a memória e a identidade nacional.


Chagas analisa o museu não apenas como um local de preservação de objetos, mas como um espaço ativo na formação da memória coletiva e identidade nacional. A ideia central é que os museus desempenham um papel crucial na construção e manutenção da memória cultural e histórica.


Gustavo Barroso, conhecido por suas visões nacionalistas e tradicionalistas, é analisado a partir da forma com que utilizou o museu para promover uma narrativa histórica que reforçava uma visão conservadora da identidade brasileira. Barroso via o museu como uma ferramenta para a preservação da “pureza” cultural e nacional, refletindo suas próprias concepções ideológicas.


Já Gilberto Freyre é apresentado como alguém que via o museu como um espaço para celebrar a diversidade e a mestiçagem cultural do Brasil. Chagas menciona como Freyre utilizou o conceito de museu para promover uma visão integradora da identidade nacional, ressaltando a complexidade e riqueza das influências culturais no Brasil.


E, por fim, Darcy Ribeiro discursava sobre o espaço do museu como um meio para promover uma compreensão inclusiva e plural da identidade nacional. Darcy acreditava que os museus poderiam ajudar a consolidar uma visão mais ampla e integrada da diversidade cultural brasileira, desafiando as narrativas dominantes e promovendo uma abordagem mais democrática e representativa.


Portanto, “A Imagem Museal” conclui que, apesar das diferenças nas abordagens dos três autores, todos reconheceram o museu como um instrumento poderoso para a construção e manipulação da memória cultural e nacional. O livro revela que os museus não servem apenas para a preservação, contextualização e exibição do passado, mas também para a formação de narrativas e a construção de memórias que moldam e reverberam no presente e no futuro.


A grande questão que se coloca é como desconstruir, enquanto sociedade, a imagem e a necessidade dos museus como espaços que ainda reforçam as visões de Gustavo Barroso e Gilberto Freyre — instituições coloniais e fechadas em suas normas e regras, que muitas vezes não são inclusivas nem agregadoras. Para superar a barreira comunicativa dos museus e aproximá-los da visão de Darcy Ribeiro, é necessário abrir mão das fronteiras simbólicas e expositivas que tradicionalmente praticamos. Devemos olhar e expor a arte com um contexto e simbologia que vão além da estética.

 
 
 

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