POETIZAR É UMA FORMA DE MAGIA
- Lucas Schmitz
- 31 de out. de 2024
- 3 min de leitura
A poesia captura a beleza do efêmero e estabelece um diálogo possível entre o poeta, o leitor e mundo

A poesia é uma poderosa ferramenta histórica, capaz de promover grandes transformações e utilizada para expressar nossos sentimentos mais profundos. Através das palavras, ela nos permite conectarmos com nossas emoções e externalizar aquelas sensações complexas e mais difíceis de serem compartilhadas.
É no papel que a mágica acontece. A arte da expressão se revela em sua forma mais potente.
Poetizar é uma forma de magia; é a maneira de transpor o que não conseguimos dizer em voz alta, seja para nós mesmos ou para os outros. Na poesia, encontramos um meio de nos reencontrar, estabelecendo um diálogo íntimo entre nós e o mundo.
Cada verso, cada estrofe, é uma oportunidade de nos revelarmos a nós mesmos, de capturar a beleza do efêmero e dar voz ao que habita em nosso íntimo. Ao escrever, criamos um espaço onde as emoções podem fluir livremente, transformando o que é complexo em algo palpável e sensível.
A origem é difícil datar com precisão. No entanto, acredita-se que sua história tem início a cerca de 3000 a.C. Tudo se iniciou com práticas orais das sociedades antigas, onde as palavras eram uma forma essencial de expressão e comunicação.
No Brasil, muitas pessoas não sabem que a história da poesia remonta aos tempos pré-coloniais, quando as comunidades indígenas já a utilizavam como forma de expressão.
A poesia indígena era, em sua maioria, oral. Os povos indígenas criaram cantos, mitos e poemas que eram passados de geração em geração. Essas expressões poéticas muitas vezes faziam parte de rituais e cerimônias, sendo usadas para celebrar a vida, a natureza e as relações espirituais.
Com a chegada dos colonizadores, muitas tradições poéticas foram ameaçadas. No entanto, a resistência cultural dos povos indígenas permitiu que muitas dessas práticas se mantivessem vivas. Algumas tradições orais começaram a ser registradas em forma escrita, especialmente a partir do século XX.
Poetas como Ailton Krenak, Elisa de Araújo e outros têm trazido à tona questões de direitos humanos, meio ambiente e identidade indígena. Eles utilizam a poesia para lutar contra a marginalização e preservar suas línguas e tradições. Eventos literários e antologias também têm ajudado a dar visibilidade a essas vozes.
Distante desse contexto, os primeiros registros de poesia, como os épicos da Mesopotâmia, as obras de Homero na Grécia como “Ilíada” e a “Odisseia”; e os poemas sânscritos na Índia, mostram que a poesia estava intimamente ligada à música e à performance. O ritmo, a rima e a métrica ajudavam na memorização e na transmissão das histórias.
As culturas da época utilizavam a poesia não apenas como forma de arte, mas também para preservar a história, as tradições, a religião e os valores sociais, além de celebrar rituais e transmitir conhecimentos.
Em suma, a poesia é uma forma de arte essencial que transcende o tempo e o espaço, proporcionando uma poderosa expressão emocional e cultural. Ela permite que as vozes sejam ouvidas, as identidades sejam celebradas e as injustiças sejam confrontadas.
Através de suas potentes linguagens e imagens, a poesia conecta pessoas, estimula reflexões críticas e enriquece a experiência humana, tornando-se uma ferramenta vital de resistência e transformação. Sua importância reside não apenas em sua beleza, mas na capacidade de inspirar e mobilizar, revelando a profundidade da condição humana.
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